terça-feira, 23 de junho de 2009

Quatro exposições na Estação


Solha, Marinez Lucena, Aquino Mendonça e Parede Poética expõe telas e poemas na Estação Cabo Branco, Ciência, Cultura e Artes



Para quem não gosta das folias juninas e vai passar o São João na Capital a sugestão é visitar quatro novas mostras de artes plásticas e poemas que estarão expostas a partir desta terça-feira (23) até o dia 27 de junho, no segundo andar (torre) da Estação Cabo Branco Ciência, Cultura e Artes, localizado na Avenida João Cirillo Silva, s/n, Altiplano Cabo Branco. São telas de W. J. Solha (Pense Grande), Aquino Mendonça (O Mar à Vista), Marinez Lucena (Quadrilha Junina) e Parede Poética do Serviço Social do Comércio (SESC).

A primeira é o Projeto Pense Grande idealizado pelo artista plástico, ator, roteirista e escritor paulista W.J.Solha no final do ano de 1999, a partir de um fato ocorrido com o jogador de futebol Edmundo, quando o mesmo “insultou” o juiz de futebol e o chamou de “paraíba”. De acordo com Solha, radicado em João Pessoa há vários anos, o paraibano deveria conhecer e valorizar os homens e as mulheres de destaque do Estado a fim de levantar a auto-estima. “Poucos Estados brasileiros contam com tantas expressões importantes, em todas as áreas com aqui”, enfatizou Solha.

A exposição, composta por 68 telas, consiste em uma parceira entre o Jornal O Norte (Grupo Diários Associados Paraíba), com apoio da Biblioteca Central, Coordenação de Extensão Cultural e Pró-Reitoria para Assuntos Comunitários da Universidade Federal da Paraíba (BC/COEX/PRAC/UFPB) com o Projeto Arte na Escola.

As obras de arte de Solha são conhecidas nacional e internacionalmente. No período de 2000 a julho de 2001, um jornal local, veiculou, a cada semana, na capa do caderno de cultura, a reprodução do retrato de um paraibano ilustre. As telas possuem tamanhos variados e foi confeccionada em acrílica sobre tela. O slogan da mostra exposição é “Pense grande como o paraibano Augusto dos Anjos”. No local o visitante poderá observar telas com personagens importantes das artes paraibana, a exemplo de Augusto dos Anjos, Antônio Dias, Walter Carvalho, Paulo Pontes e outros.


Todas as cores da Quadrilha Junina


A segunda exposição é da artista plástica Marinez Lucena, intitulada “Quadrilha Junina”. Nela a artista encontrou na sua terra natal inspiração para pintar 16 telas em óleo sobre tela que compõem a mostra.

As telas são de natureza impressionista, com cores puras e dissociadas em pequenas pinceladas, valorizando o contraste de luz e sombra pelo uso das cores complementares. “Minha temática está entre a figura e a natureza onde sempre busco expressar minhas emoções, sentimentos, visões de mundo e lugares que me cercam”, disse Marinez.


O Mar de Aquino

“O Mar à Vista” é o título da terceira mostra de artes plásticas que está aberta para visitação pública na Estação Cabo Branco Ciência, Cultura e Artes. Nesta exposição Aquino Mendonça expõe toda sua natureza impressionista. São ao todo 31 telas em óleo sobre tela em que trata da beleza da natureza representada pelo céu, pescadores, mar e barcos.

Em cada obra pode-se fazer uma leitura. As cores saltam da tela como se paisagem estivesse viva. Os tons, em amarelo e laranja, fazem lembrar o crepúsculo, o cair da tarde. “Minhas motivações foram às imagens da Baía da Traíção”, disse Aquino que se considera um admirador profundo da natureza. “O impressionismo foi a escola de arte que mais me deslumbrou”, revelou o artista.

As telas chamam atenção pela luz retratada. Este efeito emprestado ao trabalho modifica de certa forma o objeto retratado, em uma espécie de releitura do real proposta pelo artista.


Parede Poética

Outra exposição singular é a Parede Poética, projeto itinerante desenvolvido pelo Serviço Social do Comércio (SESC) há cerca de 15 anos. A mostra é composta por poemas ilustrados de poetas paraibanos através de suporte banners que medem 2 metros por 1,5 metros de altura.

Nesta mostra serão exibidos trabalhos de Braulio Tavares, Figueiredo Agra, Edgley Andrade Rocha, Luiz Fernando Silva, Águia Mendes, Antônio Mariano, Sônia Van Dijck, André de Sena, Ricardo Peixoto, Juca Pontes, Jessier Quirino, Elionaldo Varela, Ricardo Anísio, Vitória Lima, Elinaldo Rodrigues, Elionaldo Varela, Andreza Clarinda, Batista Ralle e outros. A curadoria da Parede Poética é do escritor e poeta Políbio Alves e coordenado pelo jornalista Chico Noronha.


SERVIÇO:
Exposições: PENSE GRANDE, O MAR À VISTA, QUADRILHA JUNINA E PAREDE POÉTICA

Período: 23 de junho (terça-feira) a 27 de junho
Local: Estação Cabo Branco, Ciência, Cultura e Artes - Avenida João Cirillo Silva, s/n, Altiplano Cabo Branco.
Horário de visitação:
Terça à sexta-feira, das 9h00 às 17h00.
Finais de semana e feriados, das 10h00 às 18h00.
Informações: (83) 3214.8303.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Projeto "Livraria de Montaigne" de professor da UFPB representará a Paraíba no "Ano da França no Brasil"


O projeto “Livraria de Montaigne” idealizado pelo professor de literatura francesa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), José Alexandrino de Souza Filho, irá representar o Estado da Paraíba no “Ano da França no Brasil”. O projeto foi chancelado, entre os 650 inscritos, pelo comitê organizador e fará parte da programação oficial do evento previsto para acontecer entre 21 de abril a 15 de novembro de 2009 em vários Estados do país.

A Livraria de Montaigne consiste em uma reprodução da torre de seis metros de altura, três de diâmetro e oito de circunferência, contendo, em seu interior, a livraria do escritor e filósofo francês Michel de Montaigne (1533-1592), cujo teto está exposto à leitura e reflexão as frases originais, em grego e latim, devidamente traduzidas em português e francês (línguas oficiais do projeto). Todas elas ainda hoje podem ser observadas na "livraria" original de Montaigne que fica próximo à cidade de Bordeaux (França).

O ambiente reproduzido na exposição é um lugar de estudos, reflexão e criação único na história da literatura. Foi lá que o escritor escreveu os Ensaios, um conjunto de três livros que inaugura uma forma moderna de expressão do pensamento, o ensaio, a livre reflexão sobre qualquer assunto. Montaigne, ao que se sabe, foi um dos "inventores" do "mito do bom selvagem", ou seja, a idealização do homem natural visto como um ser naturalmente virtuoso relativamente ao europeu "civilizado". O modelo do escritor foram os índios brasileiros dos quais ele faz o elogio no ensaio chamado "Dos canibais", do qual o projeto deu destaque especial.

A exposição foi inicialmente montada dentro da Biblioteca Central, campus I, da UFPB, com o objetivo de divulgar a obra e o pensamento do escritor em articulação com a história do Brasil. “O interesse em reproduzir a biblioteca de Montaigne se deve à sua própria singularidade, pois nela o autor mandou escrever no teto diversas frases colhidas de suas vastas leituras humanistas”, explicou o professor José Alexandrino.

A idéia do projeto surgiu quando foi ministrar uma disciplina no curso de especialização em língua e literatura francesa na UFPB e resolveu aprofundar os autores do século 16. O curso era sobre dois autores, em prosa, e um deles foi Montaigne. O resultado foi uma coletânea de trabalhos escrita pelos alunos e publicada pelo Centro de Ciências, Letras e Artes (CCHLA), em janeiro de 1997, todo em francês, com ilustrações da época. Em seguida, os professores do Departamento de Letras foram convidados a fazer um mural dos escritores de sua preferência. Foi quando sugeriu o escritor Montaigne. “Como tinha conhecido a livraria dele na França decidi fazer uma réplica da livraria. Foi um ano de trabalho intenso”, disse.

O Projeto contou na época com o apoio da Embaixada da França no Brasil, Governo do Estado, Prefeitura e empresas privadas paraibanas. Em 2007, foi inaugurada a segunda versão do projeto, com acréscimo de novos elementos e painéis. Foi também lançado na ocasião o livro “Um passeio ao universo do escritor francês Michel de Montaigne” (Editora Universitária), de autoria do idealizador do projeto. Nesta última fase, o projeto contou com o apoio financeiro do CNPq.

“Fiquei muito surpreso com o chancelamento do projeto, uma vez que concorri com projetos do país inteiro”, comentou o professor José Alexandrino de Souza que precisa de apoio e recursos para levar o projeto ao evento em abril deste ano.

Ano da França no Brasil


Depois do Ano do Brasil na França, realizado em 2005, haverá agora o inverso, “Ano da França no Brasil”, que acontecerá entre 21 de abril a 15 de novembro de 2009 em várias Capitais brasileiras. A Paraíba está incluída em vários eventos, um deles receberá o nome de “Intercâmbio cultural: o país occitano e a cultura nordestina”, que acontecerá, no período de 8 a 28 junho, nas cidades de Recife e Olinda (PE), João Pessoa e Campina Grande (PB) e Brasília (DF).

O evento será promovido pela “Association CORDEA/ Groupe musical La Talvera - Cordes sur Ciel e Kitchen Produções Artísticas S/C”, o objetivo do espetáculo é fazer com que o público brasileiro descubra a cultura occitana e suas relações históricas com a cultura nordestina. Concertos de Silvério Pessoa e músicas e danças tradicionais, conferências e exposições fotográficas.

A iniciativa de realizar um evento inverso “Ano da França no Brasil” é de proporcionar à França a oportunidade de apresentar, em várias regiões brasileiras, as diferentes formas de sua cultura.

A proposta foi denominada de França.br está sendo operacionalizada, através de projetos propostos por franceses e brasileiros, que serão gerenciados e analisados pelo Comissariados da França e do Brasil. Os projetos enviados dentro programação do evento tem três eixos de ação: França Hoje, que consiste na criação artística, inovação tecnológica, pesquisa científica, debate de idéias, dinamismo econômico; França Diversa, que diz respeito a diversidade da sociedade francesa, de saberes e regional (regiões da França metropolitana e ultramar) e França Aberta, em que busca parcerias franco-brasileiras que devem inspirar os projetos, parcerias franco-brasileiras com outros países do mundo (África, Caribe, América Latina) e debates sobre os grandes temas da globalização. Maiores informações sobre o “Ano da França no Brasil”, acesse o site do França.br 2009: www.cultura.gov.br/franca_br2009.

Adriana Crisanto
Repórter
adrianacrisanto@gmail.com
adrianacrisanto.pb@diariosassociados.com.br
Fotos: Anísio Henriques (Jornal O Norte).

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O Amor


O amor é a Lei de Deus. Viveis para que aprendais a amar. Amais para que aprendais a viver. Nenhuma outra lição é exigida do Homem. E que é amar, senão aquele que ama absorver o amado de modo que os dois sejam um? A que ou a quê devemos amar? Podemos escolher uma certa folha da Árvore da Vida e despejar sobre ela todo o nosso coração? E o ramo que produziu essa folha? E a haste que sustenta esse ramo? E a casca que protege essa haste? E as raízes que alimentam a casca, e os ramos e as folhas? E o solo que envolve as raízes? E o sol, o mar e o ar que fertilizam o solo?

Se uma pequena folha merece o vosso amor, quanto mais o merecerá a árvore toda! O amor corta uma fração do todo, antecipadamente se condena ao sofrimento. Direis: “Mas há muitas e muitas folhas em uma única árvore: umas são sadias, outras são doentes; umas são belas, outras, feias; algumas são gigantes, outras são anãs. Como poderemos deixar de escolher?”
E vós direis: Da palidez do doente provém a vitalidade do sadio. E vos direi: Ainda mais, que a fealdade é paleta, a tinta e o pincel da beleza; e que o anão não seria anão se não tivesse dado parte da sua estatura ao gigante.

Vós sois a Árvore da Vida. Cuidado para não dividirdes a vós mesmos! Não ponhais um fruto contra outro fruto, uma folha contra outra folha, um ramo contra outro ramo; nem ponhais o ramo contra as raízes, ou a árvore contra a terra mãe. É exatamente que fazeis quando amais uma parte mais do que o restante, ou com exclusão do restante.

Vós sois a Árvore da Vida. Vossas raízes estão em toda parte. Vossos ramos e folhas estão em toda parte. Vossos frutos estão em todas as bocas. Sejam quais forem os frutos desta árvore; sejam quais forem os seus ramos e folhas; sejam quais forem as suas raízes, serão os vossos frutos; serão as vossas folhas e ramos; serão as vossas raízes. Se quiserdes que a árvore dê frutos doces e aromáticos, se a desejardes sempre forte e verde, cuidai da seiva com que alimentai as suas raízes.

O Amor é a seiva da Vida. O ódio é pus da morte. Mas o amor, tal como o sangue, precisa não encontrar obstáculos para circular nas veias. Reprime o movimento do sangue e ele se tornará uma ameaça, uma praga.

E que é o Ódio senão o Amor reprimido, ou Amor retido, tornando-se um veneno tanto para o que alimenta como para o alimentado, tanto para o que odeia como para o que é odiado?
Uma folha amarela na vossa Árvore da Vida é somente uma folha a qual faltou Amor. Não culpeis a folha amarela.

Um ramo ressequido é somente um ramo faminto de amor. Não culpeis o ramo ressequido. Uma fruta podre é somente uma fruta que foi amamentada com Ódio. Não culpeis a fruta podre. Culpai antes o vosso coração cego e egoísta que repartiu a seiva da vida a uns poucos e a negou a muitos, negando-a assim a ela própria.

Não há outro amor possível senão o amor a si próprio. Nenhum ser é real, senão aquele que abrange o Todo. Eis por que Deus é Amor; porque Deus ama a Si mesmo. Se o Amor vos faz sofrer, é porque ainda não encontrastes o vosso próprio ser, nem achastes ainda a chave de ouro do Amor, pois se amais um ser efêmero, vosso é efêmero.

O amor do homem pela mulher não é Amor. É algo muito diferente. O amor dos pais pelos filhos é tão somente o limiar do sagrado templo do Amor. Enquanto cada homem não amar a todas as mulheres e vice-versa; enquanto cada criança não for filho de todos os pais e todas as mães e vice-versa, deixai que os homens se gabem das carnes e ossos que se apegam a outras carnes e ossos, mas jamais deis a isso o sagrado nome de Amor. Será blasfêmia.

Não tereis um único amigo enquanto vos considerardes inimigo ainda que seja de um único homem. Como pode o coração que abriga inimizade ser refúgio seguro para a amizade? Não conhecereis a alegria do Amor enquanto houver ódio em vossos corações. Se alimentásseis com a seiva da vida todas as coisas, menos um pequenino verme, esse pequenino verme sozinho tornaria amarga a vossa vida, pois quando amais alguém ou alguma coisa, na realidade somente amais a vós próprios. Do mesmo modo, quando odiais alguém ou alguma coisa, em verdade odiais a vós mesmos, pois aquilo que odiais está inseparavelmente ligado aquilo que amais, como o verso e o reverso da mesma moeda. Se quiserdes ser honestos com vós mesmos tereis de amar aqueles e aquilo que odiais e aqueles e aquilo que vos odeia, antes de amardes o que amais e o que vos ama.

O Amor não é uma virtude. O Amor é uma necessidade; mais necessidade do que o pão e a água; mais do que a luz e o ar. Que ninguém se orgulho de amar. Deveis respirar o Amor tão natural e livremente como respirais o ar para dentro e para fora dos vossos pulmões, pois o Amor não precisa de ninguém que o exalte. O Amor exaltará o coração que o considerar digno de si. Não espereis recompensa do Amor. O Amor é, em si mesmo, recompensa suficiente para o Amor, assim como o Ódio é, em si mesmo, castigo bastante para o Ódio.

Não peçais contas ao Amor, pois o Amor não presta contas senão a si mesmo. O Amor não empresta nem pode ser emprestado; o Amor não compra e nem vende; mas quando dá, ele se dá todo inteiro; e quando toma, toma tudo. E o seu dar-se é tomar. Consequentemente é o mesmo, hoje, amanhã e sempre.

Assim como um poderoso rio que se esvazia no mar é reabastecido pelo mar, assim deveis esvaziar-vos no Amor para que sejais para sempre enchidos de Amor. A lagoa que retém o presente que o mar lhe dá, torna-se uma lagoa de água estagnada. Não há mais nem menos no Amor. No momento em que tentardes graduar e medir o Amor ele desaparecerá, deixando só amargas recordações.

Nem há agora nem depois, ou aqui e acolá no Amor. Todas as estações são estações do Amor. Todos os locais são próprios para serem habitados pelo Amor. O Amor não conhece fronteiras nem obstáculos. Um amor cuja ação é impedida por qualquer obstáculo, não merece o nome de Amor. Sempre vos ouço dizer que o amor é cego, no sentido de que não vê defeitos naquele que é amado. Essa espécie de cegueira é o máximo da visão. Oxalá fosseis sempre tão cegos que não encontrásseis faltas em coisa alguma!

Não! É claro e penetrante o olhar do Amor. Por isso ele não vê faltas. Quando o Amor houver purificado a vossa visão, não vereis jamais nada que não seja digno de vosso amor. Só uma vista despojada de Amor, um olho faltoso, está sempre ocupado em encontrar faltas, em quaisquer faltas que encontre, serão as suas próprias faltas.

O Amor integra. O Ódio desintegra. Esta imensa e pesada massa de terra e pedra, a que dais o nome de Pico do Altar voaria rapidamente para todos os lados, se não fosse conservada unida pela mão do Amor. – Mesmo os vossos corpos, perecíveis como parecem ser resistiriam à desintegração, se amásseis com a mesma intensidade cada uma das células que o constituem.
O Amor é paz cheia de melodias da Vida. O Ódio é a guerra ansiosa pelo satânicos golpes da Morte.

Que preferis: o Amor para gozardes a paz eterna, ou o ódio para estardes sempre em guerra?
Toda a terra está viva em vós. O céu e suas hostes estão vivos em vós. Amai, pois, a Terra e todos os seus habitantes se amais a vós mesmos. Amai o Céu e todos os seus habitantes se amais a vós mesmo. Só o Amor faz prodígios.

Se queres ver, deixa que o Amor tome conta da pupila de teus olhos. Se queres ouvir, deixa que o Amor tome posse dos tímpanos de teus ouvidos. Se queres ser desligado da Terra de uma vez para sempre ama-a e todos os seus filhos. Quando o Amor for o único saldo de tuas contas com a Terra, então a Terra te dará quitação do teu débito. O Amor é a única coisa que liberta das prisões. Quando amas a tudo, a nada estás ligado.

Autor: Mikhaïl Naimy
(Texto enviado por um amigo de São Paulo)

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Banheiro Feminino

Esse texto foi me foi enviado por email. Não tem o nome da autora. Mas, nunca ninguém definiu tão bem como é uma aventura no banheiro feminino. Tirando a meleca, o resto é igualzinho. Leia:

Minha mãe ficava histérica com os banheiros públicos, quando pequena me levava ao banheiro, me ensinava a limpar a tampa do vaso com papel higiênico e cobrir cuidadosamente com tiras de papel em toda a borda. Finalmente me instruía: "Nunca, NUNCA se sente em um banheiro publico".
Logo me mostrava "A posição" que consiste em se equilibrar sobre o vaso em uma posição de sentar sem que o corpo entre em contato com o vaso. Isso foi há muito tempo, mas ainda hoje em nossa idade adulta, "a posição" é dolorosamente difícil de manter quando a bexiga está quase estourando.
Quando você "tem que ir" a um banheiro público, sempre encontra uma fila de mulheres que te faz pensar que as cuecas do Brad Pitt estão à venda pela metade do preço. E assim espera pacientemente e sorri amavelmente às outras mulheres que também estão discretamente cruzando as pernas. Finalmente é a sua vez, você olha cada cubículo por baixo da porta pra ver se não há pernas. Todos estão ocupados, mas finalmente uma porta se abre e você entra quase jogando a pessoa que está saindo. Você entra e percebe que o trinco não funciona, mas não importa...
Você pendura a bolsa no gancho que tem atrás da porta e, se não tem gancho, você a pendura no pescoço mesmo, enquanto se equilibra, sem contar que a alça da bolsa quase corta a sua nuca, porque está cheia de porcarias que você foi jogando dentro, das quais não usa a maioria, mas as tem aí, para o caso de "e se eu precisar?"
Mas, voltando à porta.. como não tinha trinco só lhe queda a opção de segurá-la com uma mão, enquanto com a outra você abaixa a calcinha e fica "em posição"... Alívio... ahhhhhh... mais alívio, aí é quando suas pernas começam a relaxar e você adoraria sentar, mas não teve tempo de limpar o vaso e nem cobrir com papel, nessa hora você quase tem um treco de tão aliviada, ai dá uma desequilibrada e erra a mira. Pronto, o suficiente pra ficar molhada até as meias, e é obvio que dá pra notar.
Para afastar o pensamento dessa desgraça, você procura o rolo de papel higiênico... maaaas.. hehehe, o rolo tá vazio! E as suas pernas continuam querendo relaxar. Ai você lembra de um pedacinho de papel que tá na bolsa, meio usado porque você já limpou o nariz com ele, mas vai ter que servir, você amassa ele pra absorver o máximo possível, mas ele é muito pequeno, e ainda está sujo de meleca.
Nisso alguém empurra a porta e, como o trinco não funciona, você recebe uma baita portada na cabeça. Aí você grita "tem genteeeeee" enquanto continua empurrando a porta com a mão livre e o pedacinho de papel que você tinha na mão cai exatamente em uma pequena poça que tinha no chão e você não sabe se é água ou xixi... ehehe ai você vai de costas e desequilibra, caindo sentada no vaso.
Você se levanta rapidamente, mas já é tarde, seu traseiro já entrou em contato com todos os germes e formas de vida do vaso porque VOCÊ não o cobriu com papel higiênico, que de qualquer maneira não havia, mesmo se você tivesse tido tempo de fazer isso.
Sem contar o golpe na cabeça, o quase corte na nuca pela alça da bolsa, espirrada de xixi nas pernas e nas meias, que ainda estão molhadas... a lembrança de sua mãe que estaria terrivelmente envergonhada de você, porque o traseiro dela nunca sequer tocou o assento de um banheiro público, porque francamente, "você não sabe que tipo de doença poderia pegar ai". Mas a aventura não termina ai... agora a descarga do banheiro, que está tão desregulada que jorra água como se fosse uma fonte e manda tudo para o esgoto com tanta força que você tem que se segurar no porta-papel (quando tem) com medo de que aquele negócio te leve junto e te mande para China. Ai é finalmente quanto você se rende, está ensopada pela água que saiu da privada como uma fonte.
Você está exausta. Tenta se limpar com uns papeizinhos de chiclete TRIDENT que estavam na bolsa e depois sai discretamente para a pia. Você não sabe muito bem como funcionam as torneiras automáticas também, e então dá uma limpadinha nas mãos com saliva mesmo e seca com toalha de papel. E sai passando pela fila de mulheres que ainda estão esperando com as pernas cruzadas e nesse momento você é incapaz de sorrir cortesmente. Uma alma caridosa no fim da fila te diz que você está com um pedaço de papel higiênico do tamanho do rio Amazonas grudado no sapato! Você puxa o papel do sapato e joga na mão da mulher que disse que tava grudado e lhe diz suavemente: "Toma! Você vai precisar!" e sai.
Nesse momento, seu namorado ou marido que entrou, usou e saiu do banheiro masculino e teve tempo de sobra pra ler "Guerra e Paz" enquanto esperava,te pergunta: "Porque demorou tanto?"
É nessa hora que você dá um chute no saco dele e o manda pra puta que o pariu! Isto é dedicado a todas as mulheres de todas as partes do mundo que já tiveram que usar um banheiro público. E finalmente explica a vocês, homens, por que nós demoramos tanto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

domingo, 22 de julho de 2007

Meu canteiro de rosas e flores

Foto tirada em Bananeiras - Rota Cultural do Frio - Julho 2007.
Foto tirada em Bananeiras - Rota Cultural do Frio - Julho 2007.



Foto tirada em Bananeiras - Rota Cultural do Frio - Julho 2007





Foto tirada em Bananeiras - Rota Cultural do Frio - Julho 2007



quarta-feira, 11 de julho de 2007

Odisséia da Carteira de Motorista


1º dia
É uma verdadeira “Odisséia”, igual a que Homero viveu na Grécia Antiga, tirar a carteira de motorista ou mesmo renovar a habilitação do Departamento de Trânsito de João Pessoa, na Paraíba (Detran/PB). O cidadão precisa dispor de dois dias, no mínimo, isto, é, se nenhum equipamento quebrar (é lógico!) para se tornar apto a adquiri-la.
No primeiro dia você pega na Casa da Cidadania do Shopping Tambiá ou mesmo lá no Detran, uma lista de documentos que você precisa tirar cópia e uma guia de pagamento no valor de R$ 90,72. Órgão funciona apenas pela manhã, no horário de 8h00 até 13h00. De forma que você perde a manhã inteira. Nem adianta chegar cedo, porque os aborrecimentos são os mesmos.

2º dia
Documento fotocopiado, taxa paga, com tudo em cima, o cidadão, que paga impostos, feliz da vida pensando que agora é só chegar lá e pronto, tudo resolvido, se encaminha para o órgão que está localizado no bairro de Mangabeira 7. Ao estacionar o veículo você de cara é recepcionado por um vendedor de bugigangas para automóveis. É uma luta para se livrar desse sujeito que quer te vender até a mãe se for preciso.
Ao pisar no lugar você logo se depara com uma porta azul, que você pensa que é a porta do céu. Um monte de pessoas circulando, cruzando na sua frente, falando alto e ao telefone celular. Algumas filas, lugar para cafezinho e lanchinho. Pensei: “Puxa... o negócio aqui parece ser organizado mesmo”. Ao sair do azul do céu eis que me deparo com o primeiro empecilho. A primeira coisa que preciso saber é onde fica o setor de renovação das carteiras de habilitação.
Procuro alguém do local para me prestar uma informação. “Moça, com licença, por favor, bom dia. Onde posso renovar minha carteira de motorista?” Recebo como resposta um “ali” sendo indicado com os beiços. Tentei seguir a sinalização beiçal e mais à frente voltei a perguntar. “Moço, bom dia, por gentileza, onde fica o setor de recadastramento das carteiras de motorista?” “No próximo bloco, é só virar a esquerda”.
Pensei comigo: “Ufa! Até que enfim cheguei. Acho que é aqui”. Eis que me deparo com outra porta de vidro azul. Pensei novamente comigo: “Acho que agora é o paraíso”. Ao entra logo na minha frente vejo um letreiro escrito “Informações” e para lá que me dirijo. Entro na fila. Chegada a minha vez, pergunto: “Moço, bom dia, por gentileza, como faço para renovar minha carteira de motorista?”. O sujeito, que nem olha para seu rosto diz: “Você já pagou tudo?”. “Já”, respondi. “Então se dirija ao guichê 3”, disse ele.
De posse da tal ficha, número 3, me dirijo até o caixa de mesmo número. No caminho penso comigo superticiosamente: “Acho que 3 é meu número da sorte, ou não”. Chego lá fico em pé, esperando minha vez de ser atendida. É quando percebendo meu deslocamento o caixa no 3, com sorriso meio vazio, me diz com a delicadeza de um urso que não me atende. Então pergunto: “Quem me atende então? Pois estou com uma ficha número três cedida pelo setor de informações”. Com a mesma leveza do urso ele responde: “Só não sou eu”. “Mas, o senhor não é caixa número 3?”, indago novamente. “Não, mas não é comigo não. Vá para esse outro”, verberou o urso. Eu disse: “Bem, mas, como me disseram que era para vir no caixa 3, estou com a ficha 3, então para onde vou? Me desculpe, mas eu não tenho nada a ver com isso e é o senhor quem deve me atender, pois estou na vez”. Compadecida com minha paciência e chocada com a impaciência do urso, a caixa número 4, esse sim o número da sorte, pede que espere só mais um pouco que ela irá me atender.
Espero uns 20 minutos aproximadamente. Ela pega meus papéis, registra no seu computador e diz que tenho agora que tirar uma foto digitalizada no setor do lado, para em seguida retornar a ela para que a mesma dê o parecer. Faço tudo passo a passo. Quando retorno, a mesma diz que agora preciso fazer um exame de vista e um provão de primeiros socorros e direção defensiva junto com outros tantos candidatos. E lá vou eu novamente.
Na sala de exame de vista sou logo atendida. A médica oftalma pede que olhe num aparelho e soletre umas letrinhas. Como se exame oftalmológico fosse apenas ler algumas letrinhas. Depois sigo para sala do provão que estava cheia. Candidatos novos e antigos. Exames feito saiu da sala com a promessa de que no outro dia terei em mãos a minha nova habilitação.

3o dia
No terceiro dia faço o mesmo percurso de entrada. Desta vez eu já sei o caminho. Chegando lá entro na fila para pegar a minha “carta” de habilitação, como dizem os sulistas. E para minha surpresa a carta-carteira-documento de motorista não estava pronta. Uma foca de brinquinho que me atendeu pede que eu me encaminhe até outro setor para saber por qual motivo o documento ainda não havia sido emitido.
Entro no tal setor que tem duas salas. Na primeira dois funcionários fazem a triagem do que chega e indica alguma pessoa resolva atrás de uma divisória com cerca de 12 a 15 funcionários para atender e resolver todos os pepinos que aparecem. Entro e peço a informação e um senhor aparentando seus 50 anos e com o nome esquisito me pede que fale com uma outra senhora. A mesma me diz que a máquina de impressão das carteiras quebrou e devo voltar amanhã. Digo que não posso voltar, pois preciso da carteira para viajar. Ela me diz: “Se quiser esperar até o final do expediente fique a vontade”.
O tal setor milhares de pessoas se cruzam e algumas cruzam mesmo. Outros usam bastante as mãos e elas são ágeis. Nelas papéis que compram a felicidade e dinheiro que valem papéis e que também compram a felicidade. Essas trocas são constantes em todos os setores do Detran.
Nesta fábrica de fazer papéis e dinheiro a custa de 4 ou 2 rodas as práticas são absurdas. Neste setor tem os pavões e as carniças. Os pavões (superiores) usam paletó e deles saem um cheiro forte. Eles chegam sempre acompanhados de alguém a tiracolo, geralmente um apadrinhado dele. Os pavões parecem voar, mas não voam, mas também são ágeis. Eles entram e saem rapidinho sem fazer alarde.
Os carniceiros, que são os atravessadores de carteiras, por sua vez, são sutis, mas igualmente rápidos. Entram no setor e acenam para os funcionários. Dão apertos de mão, trocam papéis, colocam as mãos nos bolsos. Eles entram sem fazer alarde. De repente, como num passe de mágica eles pulam de setor. Da salinha pequena da entrada passam a circular na salona onde estão todos os funcionários. Lá eles conversam e trocam papéis e apertos de mão.
Neste setor os homens constantemente coçam o saco, puxam e depois levam as mãos à boca. As mulheres comem, são chacoteadas pelos homens, gracejos e piadas de mau gosto. Transformam o local na feira da sulanca. No setor não tem câmeras de fiscalização, mas tem um funcionário assistindo televisão.
Cheguei no local de 8h30. O relógio do meu celular marca 10h20. No local agora é a hora do lanche. Todos os funcionários do setor, onde espero a entrega do meu documento, se reúnem numa mesinha e fazem sua sociabilidade. No recreio eles coçam, interagem, conversam e sorriem. E como eles dão risada. Eis que chega a fêmea do pavão, que prefiro chamar de pavôa, bem vestida e elegante. Ela parece ser a supervisora do setor. A pavôa circula, pega papeis, da ciscadinha e vai embora.
Os funcionários não exibem crachás. Ninguém sabe os seus nomes e nem suas funções. Os únicos que sabem são os carniceiros e os pavões, que chamam eles de amigos e companheiros. É quando do meu lado senta um taxista e me pergunta se sou taquigrafa ao me ver escrevendo desesperadamente. Conversando ele se queixa, resmunga, não agüenta e vai embora.
Como esqueci de levar um livro para matar o tempo saquei uma folha e comecei escrever essas linhas que deixo publicada neste blog que não sei quem possa ter interesse em ler. Por isso quando forem ao Detran levem um livro de preferência com muitas páginas. Um livro que não seja o clássico da Odisséia de Homero, nem 2001 uma Odisséia no Espaço.

Fase Final

Exatamente às 11h30 recebo o documento. Pego e confiro os dados. Nenhum erro. De posse do documento pego o carro e vou embora enfrentar o trânsito de João Pessoa. No trajeto de Mangabeira 7 a minha casa, em Tambiá, começo a perceber como existem carros circulando na cidade e quantas pessoas pagam R$ 90,00 ou mais por uma carteira de motorista. É realmente uma fábrica de fazer dinheiro.
De acordo com as estatísticas do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) em 2003, a cidade de João Pessoa tinha uma frota de 122.164 veículos. Em março de 2007, segundo o próprio site do órgão, 151.468 veículos circulam pela cidade. Destes 3.622 são caminhões e 915 ônibus. Isso sem falar nos transportes alternativos e veículos de grande porte. Multipliquem essa quantidade aos R$ 90,00 de taxa que é pago a cada renovação de habilitação. É muita grana que tramita dentro dos órgãos de trânsito. Isso sem computar as taxas de emplacamento e outros serviços. Resta-nos perguntar, sem perguntar: Para onde vai o dinheiro de nossos impostos?

Adriana Crisanto

teste

Isso é apenas um teste de um outro blog que estou criando...
Adriana Crisanto
João Pessoa, Paraíba, 11 de julho de 2007.